Empresas que não se adaptarem a modelos remoto e híbrido correm o risco de perder talentos.

Os tempos mudaram e, com eles, as expectativas dos profissionais. Quase metade dos brasileiros já não está disposta a trabalhar em empresas que não oferecem flexibilidade – e o recado é claro: quem não se adaptar aos modelos híbrido ou remoto pode ver seus talentos irem embora.

De acordo com um levantamento da Mercer, 43% dos trabalhadores brasileiros querem mais liberdade para escolher como e onde trabalhar. Embora expressiva, essa demanda é menor do que a média global, de 60%. A pesquisa, que consultou 11 mil pessoas em 16 países, destaca uma tendência global: empresas mais flexíveis se tornam mais atraentes e produtivas.

Trabalho híbrido é a maior preocupação do RH no Brasil

Os números não deixam dúvidas: 74% dos entrevistados acreditam que o modelo remoto ou híbrido melhora o desempenho das empresas. Além disso, 43% afirmaram que se sentem mais conectados aos colegas enquanto trabalham de forma remota. No Brasil, porém, o RH enfrenta dificuldades específicas para implementar essas mudanças.

“O contato físico ainda é essencial para a construção de relações na América Latina”, explica Guilherme Portugal, líder de Transformação da Mercer Brasil. A cultura local valoriza o relacionamento pessoal, o que torna o processo de adaptação aos novos formatos mais delicado. Enquanto isso, nos Estados Unidos e na Europa, os RHs estão mais focados em segurança digital e transformação tecnológica, respectivamente.

Exaustão e requalificação: desafios que vieram para ficar

Além da busca por flexibilidade, outros desafios tomam conta da pauta das empresas brasileiras. Entre eles, o aumento de casos de esgotamento profissional e a necessidade de programas de requalificação e aprimoramento (reskilling e upskilling) para acompanhar as mudanças no mercado.

Outro ponto de atenção é a implementação de novas tecnologias. Soluções mal planejadas podem comprometer a produtividade e aumentar a sobrecarga dos colaboradores, colocando ainda mais pressão nos gestores de RH.

Cinco tendências que moldam o futuro do RH no Brasil

O estudo da Mercer também destaca cinco prioridades que devem guiar as empresas em 2022:

  1. Saúde e segurança dos funcionários: Investir em bem-estar e prevenção para reduzir o impacto do esgotamento.
  2. Eficiência no planejamento das equipes: Redesenhar fluxos de trabalho para acompanhar as demandas por flexibilidade.
  3. Redesenho das operações de RH: Implementar modelos mais ágeis para responder rapidamente às mudanças.
  4. Revisão dos pacotes de recompensas: Criar benefícios personalizados que valorizem a flexibilidade e o equilíbrio.
  5. Agenda ESG no centro das decisões: Priorizar práticas sustentáveis e sociais como diferencial competitivo.

Flexibilidade: tendência ou condição essencial?

À medida que empresas no Brasil enfrentam dificuldades culturais para adotar o trabalho remoto e híbrido, fica claro que a flexibilidade já não é mais apenas uma vantagem, mas uma necessidade para atrair e reter talentos. Empresas que não acompanharem essa mudança correm o risco de perder relevância no mercado.

Com isso, os RHs precisam equilibrar a necessidade de inovação com os desafios culturais e operacionais, enquanto preparam o caminho para um mercado de trabalho mais dinâmico e flexível. Adaptar-se rapidamente é a chave para prosperar nesse novo cenário.