Falta de propósito e crescimento leva jovens talentos a repensarem sua permanência nas empresas. O RH precisa agir agora — antes que os melhores saiam pela porta.
Falta de propósito e crescimento leva jovens talentos a repensarem sua permanência nas empresas. O RH precisa agir agora — antes que os melhores saiam pela porta.
O alerta vermelho: por que 1 em cada 3 GenZ planeja sair em 2026
Não é birra, instabilidade ou “frescura”. É dado. Segundo o relatório global da Randstad, 33% da Geração Z planeja mudar de emprego até o próximo ano. E o principal motivo não é salário: é falta de progresso e de propósito.
O levantamento, intitulado “The Gen Z workplace blueprint: future focused, fast moving“, analisou mais de 11 mil trabalhadores em 15 países e cruzou os dados com 126 milhões de vagas de emprego ao redor do mundo.
O resultado? Um raio-X da geração que está moldando o mercado de trabalho — e mostrando que não tem tempo a perder.
A média de permanência nos primeiros 5 anos de carreira é de apenas 1,1 ano, bem abaixo das gerações anteriores:
Millennials (Geração Y): 1,8 ano
Geração X: 2,8 anos
Baby Boomers: 2,9 anos
Alta rotatividade não é descomprometimento, é ambição frustrada
O dado que mais assusta os profissionais de RH é, na verdade, um pedido de socorro disfarçado. A Geração Z não está saindo por desinteresse, mas sim porque não enxerga caminhos de crescimento dentro das funções atuais.
Segundo o relatório:
52% dos jovens estão buscando ativamente um novo emprego
Apenas 11% pretendem permanecer no cargo atual por muito tempo
41% consideram seus objetivos de longo prazo ao tomar qualquer decisão de carreira
Ou seja: eles querem crescer — e se não encontram espaço, vão procurar em outro lugar.
Os três erros mais comuns do RH com a Geração Z
Profissionais de RH, atenção: o problema não está neles. Está em como as empresas continuam operando com velhos modelos para uma nova geração. Eis os três erros mais frequentes:
Ignorar a necessidade de propósito
Jovens talentos querem mais do que tarefas: querem impacto. Empresas que não deixam claro o porquê das suas ações perdem conexão com essa geração.Falta de plano de carreira visível
Se não houver uma trilha clara, com marcos reais de evolução, o GenZ assume que está estagnado. E a rotatividade começa.Subestimar a tecnologia como aliada do desenvolvimento
A IA já está no centro da vida profissional da Geração Z. RHs que não oferecem formação e autonomia nesse sentido estão um passo atrás.
Como a Geração Z está reinventando o trabalho
Para a Geração Z, o trabalho fixo não é o único caminho — e talvez nem o principal.
Hoje:
Apenas 45% ocupam cargos tradicionais full time.
31% dos que trabalham em tempo integral também têm um segundo emprego paralelo.
O objetivo? Autonomia, diversificação de renda e aprendizado real.
Além disso, o uso de inteligência artificial está totalmente integrado à rotina:
Uso de IA no trabalho | Geração Z | Geração Y | Geração X | Baby Boomers |
---|---|---|---|---|
Para resolver problemas | 55% | 54% | 42% | 33% |
Para procurar emprego | 50% | 44% | 37% | 29% |
Para aprender novas habilidades | 75% | 71% | 56% | 49% |
Isso mostra que não estamos lidando com amadores. Estamos lidando com uma geração que se antecipa e se reinventa.
O que os setores que retêm bem estão fazendo certo
Mesmo com esse cenário de alta rotatividade, alguns setores estão conseguindo reter jovens talentos com mais eficiência. É o caso de:
Tecnologia da Informação (TI)
Serviços de saúde
Serviços financeiros
O que eles têm em comum?
Cargos que oferecem propósito
Qualificação constante
Planos de carreira reais, transparentes e acessíveis
Quando há clareza sobre o caminho, a Geração Z fica. A instabilidade desaparece quando o talento enxerga onde pode chegar — e sente que será apoiado nesse percurso.
5 estratégias práticas para reter talentos da Geração Z
O relatório da Randstad não deixa dúvidas: não basta oferecer um bom salário. É preciso oferecer crescimento, autonomia e relevância. Veja como o RH pode agir imediatamente:
Desenhe planos de carreira tangíveis e transparentes
Crie trilhas com marcos reais de evolução. Seja claro sobre o que é necessário para avançar.Ofereça capacitação contínua — especialmente em IA e soft skills
Crie programas de aprendizagem adaptáveis, com foco em inovação, IA, resolução de problemas e liderança.Incentive projetos paralelos (sem microgerenciar)
Apoie iniciativas pessoais ou “side jobs” — isso fortalece a autonomia e até gera inovação interna.Traga o propósito para a prática, não só para o PPT
Mostre como cada área e função contribui para algo maior. Dê sentido às entregas diárias.Transforme líderes em mentores
A Geração Z valoriza feedback constante, empatia e inspiração. Um bom líder é a ponte entre a permanência e a saída.
O custo de não agir agora
Ignorar esse movimento é abrir mão dos talentos que podem transformar a empresa nos próximos anos. A Geração Z não é instável — é exigente e ambiciosa. E quer evoluir junto com a empresa.
O RH que entende isso hoje, evita a fuga amanhã.
É hora de sair do piloto automático e começar a criar ambientes onde o jovem não apenas queira trabalhar — mas queira ficar.
