Automação pode agilizar processos, mas também gerar injustiças e afastar talentos. Saiba como mitigar riscos e garantir que a tecnologia trabalhe a favor da sua equipe.
A inteligência artificial promete revolucionar o RH — mas será que você está preparado para os riscos que vêm junto?
Enquanto muitos veem eficiência e automação, outros enxergam viés, desumanização e incertezas legais. E a verdade é: todos estão certos.
O avanço da IA na aquisição de talentos: promessa ou armadilha?
A adoção da IA na aquisição de talentos cresceu exponencialmente. Segundo a consultoria Korn Ferry, mais de dois terços dos líderes de Talent Acquisition (TA) já veem o uso de IA como uma das maiores tendências para 2025.
A empolgação é justificável: a tecnologia pode reduzir tarefas operacionais, acelerar contratações e melhorar a triagem de currículos. No entanto, quanto maior o uso, mais evidentes se tornam os desafios — e os riscos.
O estudo da Korn Ferry destaca quatro pontos críticos que os líderes de RH precisam enfrentar para que a IA se torne um aliado estratégico e não um problema estrutural.
🔗 Leia o artigo original completo da Korn Ferry
1. Viés algorítmico: a tecnologia que pode perpetuar injustiças
A IA aprende com dados. E se os dados da sua empresa refletem contratações com viés inconsciente, esse viés será replicado — e amplificado — pelas máquinas.
Casos como preferência por determinadas universidades, localizações geográficas ou até grafias de palavras podem parecer inofensivos, mas influenciam diretamente quem é “selecionado” ou ignorado pela IA.
🔍 “Resultados tendenciosos são provavelmente o resultado de como a IA está sendo implementada em seu negócio”, alerta Matthew Renick, da Korn Ferry.
Como reduzir esse risco?
Revise e limpe os dados históricos usados no treinamento da IA
Estabeleça critérios de sucesso mais diversos e realistas
Faça auditorias periódicas dos filtros aplicados nos processos
2. Desumanização: o candidato não é só um currículo
Cerca de 40% dos especialistas em recrutamento se preocupam que a IA esteja tornando os processos impessoais, segundo o relatório TA Trends 2025.
Isso afeta tanto a avaliação (candidatos ótimos “no papel” que não são bons de fato) quanto a experiência. Muitos talentos desistem de processos automatizados demais, sentem-se ignorados, desmotivados ou desconectados da cultura da empresa.
“A IA não interpreta emoções nem contextos sutis. Isso é papel humano”, afirma Dominique Virchaux, presidente da Korn Ferry América do Sul.
Solução? Equilíbrio.
Automatize tarefas como agendamento, triagem inicial e organização de dados
Preserve o contato humano em momentos decisivos: entrevistas, feedbacks, propostas
3. Regulação da IA: o cenário ainda é o Velho Oeste
A legislação sobre o uso de IA está atrasada. Não há regras claras e universais, e o que existe varia entre países, estados e até setores.
Isso gera insegurança jurídica e risco de uso indevido da tecnologia. “As empresas devem ter suas próprias políticas internas sobre o uso de IA”, aconselha Tanyth Lloyd, VP global da Korn Ferry.
Boas práticas:
Nomeie um responsável por acompanhar regulamentações
Faça auditorias frequentes nas ferramentas utilizadas
Estabeleça limites claros para uso e revisão humana obrigatória nas decisões
4. ROI incerto: a IA vale o que custa?
Investir em IA para recrutamento pode ser caro. Além do custo da ferramenta, há treinamento da equipe, ajustes contínuos e, agora, conformidade com novas legislações.
A pergunta que paira é: o retorno compensa?
A resposta é: depende. Ferramentas genéricas podem ser acessíveis (como ChatGPT ou Copilot), mas as soluções realmente eficazes para RH costumam ser personalizadas e mais robustas.
O segredo está em identificar onde a IA pode gerar mais impacto:
Sua equipe gasta muito tempo triando currículos?
O processo de admissão é burocrático e demorado?
Os candidatos desistem no meio do caminho?
Se a IA consegue resolver esses gargalos, o ROI não está só no dinheiro economizado — mas também no tempo ganho, na reputação da empresa e na experiência oferecida.
Como usar IA no RH com inteligência (e consciência)
A IA não vai substituir o recrutador. Mas pode libertá-lo do operacional e empoderá-lo para ser mais estratégico.
Use IA para:
Automatizar o que é repetitivo
Organizar dados com agilidade
Apoiar decisões, não tomá-las por conta própria
Evite:
Deixar decisões importantes 100% na mão da tecnologia
Ignorar a diversidade nos dados de entrada
Trocar empatia por eficiência
O futuro do recrutamento é híbrido
A IA pode ser uma aliada poderosa — ou uma armadilha perigosa. Tudo depende de como você escolhe usá-la.
Líderes de RH que querem transformar a aquisição de talentos em 2025 precisam de equilíbrio, estratégia e responsabilidade.
Automatizar o que faz sentido, humanizar o que importa.
🔗 Fonte: Korn Ferry – AI in Talent Acquisition: Top Challenges for 2025
