Você acha que a Reforma Tributária é um problema só do time fiscal? Pense de novo. Uma única falha na gestão de benefícios pode criar um rombo milionário no caixa da sua empresa a partir de 2026, e a bomba-relógio está prestes a estourar no colo do seu Departamento Pessoal.

De imposto a problema do DP: como a reforma tributária vai cair na sua mesa

A Reforma Tributária, com seu foco na criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), parece distante da rotina do DP. Mas há um detalhe crucial que transforma essa discussão em uma tarefa urgente para você.

A nova legislação estabelece que empresas só poderão aproveitar créditos tributários sobre os benefícios concedidos aos funcionários se eles estiverem expressamente formalizados em normas coletivas de trabalho.

Em outras palavras: aquele plano de saúde ou vale-alimentação, que são essenciais para atrair e reter talentos, podem deixar de gerar economia fiscal e virar um custo muito maior. E a responsabilidade de garantir que cada benefício esteja em conformidade não será do fiscal, mas do DP, que está na linha de frente da gestão desses acordos.

Black Friday Software de Recrutamento e seleção e admissão digital empregare

A nova regra do jogo: por que o acordo coletivo virou um documento fiscal?

O acordo ou a convenção coletiva sempre foram documentos da esfera trabalhista. Agora, eles ganham status de documento fiscal. Se um benefício é concedido por mera liberalidade da empresa, mas não está registrado na negociação com o sindicato, para a nova lei tributária, ele não gera crédito. Simples assim.

Essa mudança exige um novo nível de integração e atenção aos detalhes por parte do Departamento Pessoal, que precisará garantir que a estratégia de benefícios da empresa esteja 100% alinhada com as formalidades sindicais.

Checando a conformidade: do vale-refeição aos planos de saúde

Os benefícios mais tradicionais são o foco principal desta mudança. É essencial que o DP revise imediatamente os acordos vigentes e verifique se todos os benefícios concedidos, como:

  • Planos de saúde e odontológico
  • Vale-alimentação e refeição
  • Vale-transporte
  • Seguro de vida

…estão devidamente listados. Qualquer um que esteja fora do acordo representa um risco fiscal iminente.

Benefícios flexíveis: a zona cinzenta que o DP precisa monitorar

E quanto aos benefícios mais modernos, como aplicativos de bem-estar (Wellhub, Gympass), auxílio-terapia ou setups para home office? A legislação ainda não é clara sobre eles. Essa “zona cinzenta” exige que o DP crie um radar específico para acompanhar futuras regulamentações, pois a tomada de crédito sobre esses valores ainda é uma incógnita e dependerá de regras complementares.

O prazo que o seu DP não pode perder: a contagem regressiva já começou

Este é o ponto mais crítico: a janela de ação é curta e não haverá segunda chance. Acordos e convenções coletivas geralmente têm vigência de dois anos. Isso significa que as negociações realizadas em 2025 serão o documento que validará (ou não) os seus créditos tributários quando o novo sistema estiver em pleno vigor, em 2027.

Se a sua empresa assinar um acordo em 2025 sem prever formalmente os benefícios, não será possível recuperar esses créditos de forma retroativa. O prejuízo será consolidado. A inércia agora custará caro depois, e a pressão para evitar esse erro recai diretamente sobre a capacidade de antecipação do DP.

Impactos diretos na sua rotina: o que muda na prática para o departamento pessoal

Além da pressão dos prazos, a reforma trará outras mudanças significativas para o dia a dia do DP.

O fortalecimento dos sindicatos: o que muda na hora de negociar e formalizar acordos

A Reforma Trabalhista de 2017 enfraqueceu financeiramente os sindicatos ao extinguir a contribuição obrigatória. Segundo dados do Ministério do Trabalho, a arrecadação sindical total despencou de R$ 3,05 bilhões em 2017 para R$ 65,5 milhões em 2021, uma queda de 97,5%. Agora, a Reforma Tributária coloca os sindicatos novamente no centro do jogo.

Como a formalização dos benefícios depende deles, sua importância estratégica aumenta, e eles podem passar a cobrar taxas negociais, o que exigirá mais habilidade e orçamento do DP nas negociações.

Contratos PJ x CLT: a reforma pode alterar a matemática da contratação?

Outro ponto de atenção é a “pejotização”. A reforma pode, a depender da regulamentação, permitir que empresas tomem crédito sobre serviços contratados de PJs, o que não é possível com os encargos de um vínculo CLT.

Financeiramente, isso pode parecer um incentivo à pejotização, mas o risco trabalhista permanece altíssimo. Em 2024, a Justiça do Trabalho já registrou um aumento de mais de 50% nas ações que pedem reconhecimento de vínculo empregatício em relação a 2023, mostrando que essa é uma área de alto risco.

Checklist de sobrevivência do DP para a reforma tributária

Não espere a regulamentação final para agir. Para proteger sua empresa, o Departamento Pessoal pode e deve começar a agir agora.

Aqui está um plano de ação prático:

  • Passo 1: Audite imediatamente seus benefícios e acordos coletivos Faça um pente-fino. Crie uma planilha com todos os benefícios concedidos pela empresa e compare com o que está descrito, cláusula por cláusula, no acordo coletivo de trabalho vigente. O que está fora é um ponto de risco.
  • Passo 2: Crie uma força-tarefa com o fiscal e o jurídico Você não está sozinho. Marque uma reunião urgente com os responsáveis das áreas fiscal e jurídica. Apresente seu mapeamento e, juntos, simulem o impacto financeiro de perder os créditos. Essa integração é fundamental para tomar decisões estratégicas.
  • Passo 3: Prepare a pauta para a próxima negociação sindical Não espere a data-base chegar. Com base na sua auditoria e na análise com os outros times, prepare uma pauta clara para a próxima negociação com o sindicato. O objetivo é garantir que todos os benefícios praticados pela empresa sejam formalizados no próximo acordo.

A Reforma Tributária está redesenhando o cenário corporativo, e o Departamento Pessoal tem um papel de protagonista para garantir que a empresa navegue por essas mudanças com segurança e sem prejuízos. Comece hoje.