Mesmo com diploma na mão, a Geração Z enfrenta barreiras inéditas para começar a vida profissional.
Você estudou, se formou, fez estágio — e agora não consegue nem começar a carreira? Acredite: não é só com você. A inteligência artificial está apagando o primeiro degrau da escada profissional — e isso pode travar toda uma geração.
O que está acontecendo com os empregos de entrada?
A sensação de estar batendo em uma porta trancada tem motivo. O número de vagas para recém-formados está caindo em ritmo mais acelerado do que o desemprego geral. Segundo a Oxford Economics, a taxa de desocupação entre jovens de 22 a 27 anos com ensino superior aumentou nos últimos dois anos — uma inversão histórica.
Enquanto isso, tarefas antes atribuídas a iniciantes, como atendimento básico, suporte técnico, digitação de dados e revisão de código, estão sendo automatizadas por chatbots, modelos de linguagem e ferramentas de IA corporativas. Isso significa que a vaga “mais simples” — aquela que sempre foi o ponto de partida — simplesmente deixou de existir em muitos setores.
Por que a IA está focando exatamente nas tarefas mais “simples”
A promessa da IA sempre foi aliviar trabalhos repetitivos. Mas essa “eficiência” tem um lado sombrio: são justamente essas tarefas que serviam de trampolim para quem está começando.
Hoje, plataformas como GPT automatizam geração de textos; ferramentas de análise de dados fazem relatórios sem ajuda humana; assistentes virtuais assumem suporte ao cliente. Tudo isso pode até parecer avanço, mas deixa um vácuo cruel para quem precisa da experiência prática para crescer.
Quem perde mais com isso? (E não são só os jovens)
O impacto é transversal, mas quem mais sofre são os jovens sem conexões, sem QI (quem indica), sem privilégio. A IA escancara ainda mais as desigualdades: jovens negros, periféricos, filhos de trabalhadores informais — todos têm menos acesso à elite que ainda circula nas boas vagas.
Além disso, imigrantes, mulheres e trabalhadores mais velhos também estão na linha de frente da substituição, por estarem concentrados justamente em funções mais operacionais.
O que se forma é um cenário onde o “acesso” ao mercado não depende mais só de mérito ou estudo — mas de fatores estruturais, ainda mais violentos num país como o Brasil.
As promessas corporativas e a dura realidade
Empresas de tecnologia dizem que a IA está aqui para colaborar, não substituir. Mas, na prática, os cortes de pessoal falam mais alto que qualquer release otimista.
Uma pesquisa feita com mais de 3 mil líderes corporativos mostrou que 63% acreditam que a IA vai assumir parte das tarefas dos iniciantes — justamente as que custam menos, são mais fáceis de automatizar e geram menos resistência sindical.
Ou seja: por trás do discurso de inovação, está a velha motivação de sempre — reduzir custos com mão de obra barata.
O que dá para fazer agora? Caminhos possíveis diante desse cenário
Nem tudo está perdido — mas é preciso agir rápido.
Aqui vão algumas estratégias práticas:
Invista em habilidades humanas: criatividade, empatia, liderança, pensamento crítico — essas ainda não foram dominadas pelas máquinas.
Aposte em formação contínua: a tecnologia muda, e quem aprende rápido se adapta melhor.
Construa redes de apoio: networking e comunidades profissionais podem abrir portas quando os processos tradicionais falham.
Busque experiências alternativas: voluntariado, projetos pessoais e freelas contam sim no currículo — e demonstram iniciativa.
Além disso, é urgente pressionar empresas e governos para criarem políticas de entrada no mercado, com cotas, subsídios, programas de mentoria e iniciativas públicas que mantenham a escada de oportunidades acessível.
O que está em jogo é mais do que um emprego
A discussão sobre IA e trabalho não é só técnica — é política, social e urgente. Se a base do mercado desaba, quem sustenta o futuro?
A pergunta que fica não é se a IA vai dominar tudo, mas quem vai sobrar nesse novo mundo do trabalho — e quem vai lutar para mudá-lo.
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