Demissões públicas, textões nas redes e desabafos virais revelam o que empresas ignoram há anos — e o preço da falta de escuta.

Não é mais sobre simplesmente pedir demissão. É sobre contar tudo que a empresa tentou esconder.
De textões no LinkedIn a vídeos que viralizam no TikTok, o novo jeito de sair de um emprego está tirando líderes do salto e obrigando empresas a escutar o que ignoravam há anos.

O que é o “loud quitting”?

Loud quitting é o nome dado ao movimento de profissionais que, ao se desligarem de uma empresa, escolhem falar abertamente sobre os motivos da sua saída — geralmente relacionados a desrespeito, sobrecarga, cultura tóxica ou falta de reconhecimento.

Ao contrário do “quiet quitting” (a desconexão silenciosa e gradual do trabalho), o loud quitting é barulhento. Ele pode surgir em desabafos públicos nas redes sociais, críticas diretas ao RH, ou até denúncias de abusos cometidos por lideranças.

É um movimento que cresce principalmente entre as gerações mais jovens, que valorizam autenticidade e propósito no trabalho, e veem na exposição uma forma de proteger a si mesmas — e de alertar outras pessoas.

Textão, reels e dancinha com indireta: como o loud quitting se manifesta

Não se engane: o loud quitting não acontece apenas com gente famosa ou influencers de carreira. Ele se espalha no LinkedIn, no TikTok, no Instagram e até nos grupos do WhatsApp da empresa.

Veja alguns exemplos reais de como o fenômeno se manifesta:

  • Post no LinkedIn com o clássico “Hoje encerro um ciclo…”, seguido de um desabafo sobre o clima tóxico.

  • Stories ou vídeos no TikTok onde profissionais contam episódios de assédio moral, metas abusivas e pressão desumana.

  • Mensagens internas vazadas com críticas ao RH ou à liderança.

Essas manifestações têm uma coisa em comum: não são apenas sobre sair, são sobre ser ouvido. O recado é claro: “Não dá mais pra ficar em silêncio”.

canal do RH

Por que as pessoas estão gritando ao sair?

Porque ficaram tempo demais caladas.

Muitos profissionais relatam que tentaram conversar internamente, pediram ajuda, sugeriram mudanças — e foram ignorados. Quando percebem que a empresa não vai mudar, optam por sair. Mas não sem antes contar tudo.

É uma resposta à frustração, ao esgotamento e à sensação de injustiça.
E mais: é também uma tentativa de prevenir que outras pessoas passem pelas mesmas situações.

Esse grito, ainda que incômodo para as empresas, carrega uma mensagem poderosa: o silêncio já não é mais uma opção.

O impacto do loud quitting nas empresas

Esse tipo de saída barulhenta afeta diretamente a reputação da empresa — e isso pode gerar consequências sérias:

  • Abalo na imagem da marca empregadora, dificultando o recrutamento de talentos.

  • Queda na moral da equipe, que passa a desconfiar da liderança.

  • Fuga de outros profissionais, especialmente os mais engajados, que se identificam com o desabafo.

Além disso, o loud quitting escancara a falta de escuta ativa por parte das lideranças. Quando uma empresa só descobre que havia um problema no momento da demissão, é sinal de que a cultura de diálogo falhou — ou nunca existiu.

Como as lideranças devem reagir?

O primeiro passo é entender que o loud quitting não é sobre “mimimi” ou vingança, é sobre dor real.

Aqui vão algumas ações práticas que empresas e gestores podem adotar:

1. Criar um ambiente seguro para conversas difíceis

Promover espaços onde os colaboradores se sintam livres para falar sobre insatisfações antes que elas virem textões públicos.

2. Fazer escutas ativas, não performáticas

Não adianta perguntar “tá tudo bem?” e não fazer nada com a resposta. É preciso agir com base no que se ouve.

<h3>3. Investir em bem-estar e desenvolvimento</h3>

Oferecer condições saudáveis de trabalho, reconhecimento, planos de carreira e acompanhamento emocional. As pessoas não gritam quando são cuidadas.

4. Aprender com os casos públicos

Se a empresa for citada em um desabafo, responder com empatia, assumir a responsabilidade e agir para resolver — e não para silenciar.

Loud quitting: tendência ou alerta?

Mais do que uma moda passageira, o loud quitting é um alerta coletivo. Ele mostra que as relações de trabalho estão mudando e que os colaboradores de hoje não têm mais medo de dizer o que pensam — nem de expor quem os desrespeitou.

Para as empresas que quiserem sobreviver nesse novo cenário, a saída é clara: mais escuta, mais humanidade, menos opressão.

Se você já pensou em sair gritando, saiba: você não está sozinho. E talvez esse grito seja o primeiro passo para mudar o mundo do trabalho.