O passo a passo para identificar e desenvolver líderes com real potencial antes que seja tarde demais
Sete em cada dez líderes falham em até 18 meses no cargo. E cada erro pode custar à empresa entre R$ 3 milhões e R$ 250 milhões, dependendo do nível hierárquico.
Esses números não são exagero — são dados da SHRM Foundation, um dos maiores órgãos globais de referência em gestão de pessoas.
A boa notícia? Empresas como PepsiCo, Eli Lilly e ANZ Bank já descobriram como evitar esse desastre silencioso. E você pode aplicar os mesmos métodos — mesmo sem orçamento milionário.
O custo real de uma má escolha de liderança
Colocar a pessoa errada em um cargo de liderança não custa apenas um salário alto. Custa a cultura, o engajamento e a confiança da equipe.
Segundo o estudo da SHRM Foundation (2017), entre 30% e 70% dos líderes promovidos ou contratados falham nos primeiros 18 meses.
E o prejuízo financeiro é chocante:
R$ 3,6 milhões a R$ 12 milhões para substituir um executivo sênior
Até R$ 250 milhões para repor um CEO
Efeito dominó: perda de talentos, queda de produtividade, clima tóxico e turnover de times inteiros
E se engana quem acha que só grandes empresas sofrem com isso. Pequenas e médias empresas sentem ainda mais, pois cada erro pesa proporcionalmente mais no caixa e na operação.
Blueprint do potencial de liderança: o modelo que antecipa o sucesso
Para prever o sucesso de um futuro líder, não adianta só avaliar desempenho atual. É preciso ir além. E é aí que entra o Leadership Potential BluePrint, criado pelos pesquisadores Rob Silzer e Allan Church.
Esse modelo identifica três grandes pilares:
Fundacionais:
Capacidade cognitiva, estabilidade emocional, traços de personalidade e sociabilidade.Crescimento:
Agilidade de aprendizagem, energia, ambição e motivação.Carreira:
Habilidades de liderança já adquiridas, competências técnicas e fit com a cultura da empresa.
Importante: esse modelo separa performance de potencial. Isso evita a armadilha clássica de promover “o melhor técnico” que depois fracassa como gestor.
Simulações realistas: como avaliar antes de promover
Quer saber se alguém está pronto para um desafio de liderança? Coloque essa pessoa num cenário realista antes que o erro aconteça na vida real.
Empresas como PepsiCo adotam simulações multimídia para isso. O investimento gira em torno de US$ 2 mil por minuto de vídeo, mas é possível adaptar para versões mais acessíveis com imagens, áudio e formulários interativos.
As simulações podem incluir:
Gestão de crises fictícias
Interação com perfis comportamentais difíceis
Decisões estratégicas com impacto realista
Segundo a Korn Ferry (2016), candidatos avaliados por simulações personalizadas têm 20% mais chances de sucesso em cargos de liderança.
Experiências moldam líderes: como rastrear o que realmente importa
Um relatório de 2014 com 823 líderes revelou:
71% atribuíram seu crescimento a “desafios reais vividos no trabalho” – como fusões, reestruturações ou expansão internacional.
É por isso que mapear experiências críticas é tão poderoso quanto medir competências.
Exemplos de experiências transformadoras:
Liderar uma equipe em crise
Assumir um projeto internacional
Reestruturar um setor inteiro
Mudar de área radicalmente
Você pode criar um Mapa de Experiências na sua empresa, cruzando vivências com competências desejadas. Isso ajuda a prever quem já está pronto para subir e quem ainda precisa passar por provas reais.
O ANZ Bank, da Austrália, usou esse método e reduziu de 70% para 20% a dependência de contratações externas para cargos executivos.
Como provar o ROI de um assessment estratégico
Se você está pensando: “Isso tudo parece ótimo, mas como mostrar valor para a diretoria?” — aqui vão alguns indicadores concretos:
Redução no tempo para preencher cargos de liderança
Queda no turnover pós-promoção
Aumento no desempenho da equipe liderada
Melhoria no engajamento do time
Economia com desligamentos, novas contratações e treinamentos
PepsiCo, por exemplo, verificou que os profissionais que ficaram no top 25% nos assessments internos foram promovidos mais rápido e com melhores resultados do que os outros.
Checklist prático: como implementar um processo de avaliação robusto
Mesmo com orçamento limitado, você pode estruturar um processo de avaliação eficaz. Aqui vai um plano direto ao ponto:
Diagnóstico inicial:
O que já causou falhas anteriores?
Escolha das ferramentas:
Feedback 360°
Testes de personalidade
Simulações (mesmo simples)
Entrevistas comportamentais estruturadas
Mapeamento de experiências:
Quem já passou por situações críticas na empresa?
Quais vivências ainda faltam?
Acompanhamento e dados:
Taxa de sucesso pós-promoção
Comparativo de performance pré e pós-assessment
Retorno de colaboradores liderados
Lideranças não nascem prontas — são planejadas
A ideia de que o “líder certo vai dar certo sozinho” já custou milhões em erros silenciosos.
Com método, ciência e contexto, é possível prever quem tem real potencial antes de arriscar.
Use os dados a seu favor.
Use a experiência como filtro.
Use tecnologia como aliada.
E principalmente: não espere falhar para agir.