Descubra por que a Geração Z aceita empregos e some antes do primeiro dia e como as empresas podem evitar esse fenômeno.
O mercado de trabalho enfrenta um novo desafio: candidatos que passam por todo o processo seletivo fornecendo informações enganosas, aceitam a vaga e… simplesmente desaparecem. Sem aviso, sem resposta, sem explicação. O fenômeno, conhecido como “career catfishing”, está se tornando cada vez mais comum entre os profissionais da Geração Z e já preocupa recrutadores e líderes empresariais.
Mas o que leva os jovens a aceitarem um emprego e sumirem antes do primeiro dia? Falta de compromisso ou reflexo de um ambiente corporativo que não os representa?
O que é o “career catfishing” e por que ele acontece?
O termo “catfishing” surgiu no universo digital para descrever pessoas que fingem ser alguém diferente na internet, muitas vezes para enganar outras. No mundo corporativo, o conceito evoluiu para o “career catfishing”, quando um profissional mente na entrevista para conseguir um emprego, aceita essa oferta de emprego, mas nunca aparece.
Esse comportamento não ocorre sem motivo. Muitos jovens relatam que empresas criam descrições de vagas irreais, prometem um ambiente inovador e inclusivo, mas a realidade é outra. A frustração surge rápido e, para evitar o desgaste de um novo trabalho decepcionante, preferem desaparecer.
Um estudo da Owl Labs identificou que:
- 48% dos jovens já fizeram críticas sobre seus empregos nas redes sociais.
- 20% não respondem mensagens da empresa fora do expediente.
- 1 em cada 5 profissionais se recusa a assumir tarefas fora da descrição do cargo.
Os dados mostram uma geração que não está disposta a tolerar práticas ultrapassadas no trabalho e busca equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O que leva a Geração Z a sumir dos empregos antes mesmo de começar?
Diferente das gerações anteriores, a Geração Z não vê o trabalho como um pilar absoluto da vida. Para esses jovens, um emprego precisa ter propósito, flexibilidade e transparência. Quando percebem que foram enganados no processo seletivo, não hesitam em cortar relações antes mesmo do primeiro dia.
Algumas das principais razões para esse comportamento incluem:
- Falta de transparência no recrutamento – Empresas prometem uma cultura inovadora, mas a realidade é um ambiente rígido e tradicional.
- Salários abaixo do esperado – Muitos aceitam a vaga, mas desistem ao perceber que podem conseguir melhores oportunidades.
- Políticas de trabalho ultrapassadas – A obrigatoriedade de ir ao escritório diariamente sem necessidade afasta talentos.
- Experiência negativa com a empresa – Avaliações ruins em sites como Glassdoor ou relatos de ex-funcionários pesam na decisão final.
Se antes um profissional se sentia obrigado a comparecer no primeiro dia por “compromisso moral”, hoje a Geração Z não vê problema em desistir antes mesmo de começar.
O “office ghosting” e a guerra silenciosa pelo trabalho híbrido
Além do “career catfishing”, outro comportamento que tem se espalhado entre os jovens profissionais é o “office ghosting”. Nesse caso, funcionários dizem estar no escritório, mas raramente aparecem.
Isso se intensificou com a volta ao trabalho presencial. Empresas adotaram regras rígidas, enquanto funcionários perceberam que a produtividade não depende do ambiente físico. A insatisfação aumentou quando cargos mais altos mantiveram o home office, enquanto os demais foram obrigados a voltar.
Curiosamente, as empresas também praticam o “office ghosting” ao manterem vagas falsas abertas, mesmo quando já contrataram alguém. Segundo Peter Duris, CEO da Kickresume, esse tipo de prática frustra candidatos e prejudica a credibilidade das empresas.
Sinais de vagas falsas:
- Sem data de publicação ou postadas há meses.
- Aparecem em sites de empregos, mas não no site oficial da empresa.
- A empresa não dá retorno sobre o status do processo seletivo.
Se a confiança entre empresas e profissionais está abalada, o ghosting acontece dos dois lados.
Como as empresas podem evitar o ghosting profissional?
A Geração Z não está exigindo menos trabalho – está exigindo melhores condições. Para evitar o “career catfishing” e o “office ghosting”, empresas precisam se adaptar:
- Seja honesto no processo seletivo – Descreva a vaga como ela realmente é. Evite promessas falsas para atrair candidatos.
- Adapte-se à nova realidade – O home office veio para ficar. Criar regras flexíveis pode ajudar na retenção de talentos.
- Crie uma cultura de pertencimento – Empresas que investem em diálogo e transparência retêm mais funcionários.
- Salários justos e benefícios reais – Jovens não querem brindes ou frases motivacionais, querem remuneração compatível e equilíbrio.
Conclusão
O mercado de trabalho mudou. A Geração Z não desaparece dos empregos por preguiça ou irresponsabilidade – mas porque não aceita qualquer condição. O mundo corporativo, acostumado a impor suas regras, agora precisa aprender a negociar.
Se empresas desejam atrair e reter talentos dessa geração, precisam fazer mais do que apenas recrutar: precisam construir um ambiente onde os jovens realmente queiram trabalhar.
